Foi com profunda tristeza e indignação que a diretoria executiva da ADUFABC tomou conhecimento, por meio de imagens amplamente divulgadas, que um professor da Unicamp agrediu fisicamente alunos, fazendo uso, inclusive, de gás de pimenta e faca. Nesse sentido, nos solidarizamos às vítimas e apoiamos integralmente o posicionamento de nossos companheiros da ADUNICAMP.
Este ato de violência física extrema, que atinge o âmago da relação professor/aluno que deveria ser essencialmente democrática e dialógica, é um sintoma da deterioração das condições de convívio social, em contexto de ascensão da extrema direita no país e no mundo.
Nesse sentido, não parece casualidade que as informações que começam a chegar sugiram que se tratava de alguém que defendia o porte de armas e fazia apologia do uso da violência política, no pior espírito da corrosão democrática a que assistimos nos últimos anos.
Enfrentar essa situação enquanto professores/as universitários/as exigirá de nós muito mais do que palavras de horror e condenação.
Precisaremos encontrar espaço no nosso cotidiano massacrante de trabalho e sobrecarga para refletir profundamente sobre as bases sociais da atividade enquanto professores e professoras, no sentido de intervir crítica e politicamente sobre este contexto.
Para tanto, nunca se fez tão necessário o associativismo docente, enquanto um espaço aberto e horizontal de debate franco sobre o que está acontecendo. E a reivindicação de precisamos de mais tempo em nossos cotidianos para que possamos fazer essas reflexões e recuperar o sentido crítico e transformador de nossas práticas.
Não podemos mais seguir o ritmo intenso de trabalho na Universidade sem reservar, efetivamente, tempo para avaliar criticamente o que fazemos. Seguir como se nada tivesse acontecido é normalizar as condições de destruição da educação e o avanço da barbárie. Criar condição para superar esse estado de coisas depende de todo mundo, das entidades representativas às estruturas de direção, passando por cada um e cada uma que integra nossa comunidade.
São Bernardo do Campo
Santo André
3 de outubro 23
