Nós, professoras/es de mais de 60 Universidades Federais estamos há quase dois meses em greve. A paralisação na administração pública é sempre delicada. Em geral, os serviços prestados à população são interrompidos e a tendência é o isolamento social do movimento. Isso não tem acontecido e largas parcelas da população são solidárias às bandeiras de impedir o sucateamento das instituições federais de educação e às nossas demandas.
A greve é o último recurso diante das negativas de diálogo que tentamos junto ao governo federal, desde o final do ano passado. Diante de uma inexplicável e ilógica meta de déficit fiscal zero, o governo eleito para combater o autoritarismo e o neoliberalismo não pode realizar seu ajuste fiscal cortando verbas de áreas vitais, como saúde e educação.
Na esteira do conservadorismo da elite brasileira, a grande mídia se coloca contra nosso movimento, alegando que seríamos privilegiados e que as decisões em favor da greve teriam sido tomadas em assembleias ilegítimas e que a categoria teria sido manipulada por direções irresponsáveis. Direções irresponsáveis não fazem movimentos de alcance nacional, com alta legitimidade nas bases e extensa duração.
Reiteramos nossos objetivos: trabalhar, ministrar aulas de qualidade e realizar pesquisas e extensão em benefício da população. Para tanto, precisamos de condições e salários adequados, especialmente depois dos retrocessos dos anos Temer e Bolsonaro.
Estamos em greve em legítima defesa. Contamos com o apoio de toda população.
Por fim, lembrar porque estamos aqui, neste estádio histórico para os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros para lembrar que foram as luta de ontem que nos pertimiram chegar até aqui. Em especial, a luta dos trabalhadores da região do ABC que abriu caminho para a transformação do país e a criação de uma universidade federal no ABC. E serão as lutas de hoje que abrirão caminhos para o futuro, para a consolidação desse projeto democrático e população que tem na educação um de seus pilares. Para isso, é fundamental preservar os princípios sindicais: autonomia e representatividade sindical. Por isso, viva a representação legítima dos trabalhadores e trabalhadoras da educação! Viva o ANDES sindicato nacional. Viva a universidade pública. Viva a luta de dos professores e professoras brasileiros. Seguimos juntos, fortes e unidos, de cabeça erguida, pelas lutas que passaram que correm e que virão.
São Bernardo do Campo, 13 de junho de 2024
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